20 de jun. de 2009

Da polenta e da cuca – uma pureza que não existe



Dias desses eu li na coluna Almanaque Gaúcho, de Olyr Zavaschi, publicada diariamente (menos domingo) em Zero Hora, um pequeno artigo “A milenária polenta” (p. 54, 23/05/2009). Pois este alimento – tão associado ao imigrante italiano no Rio Grande do Sul – sintetiza múltiplas e antiquíssimas influências – vejam só! – asiáticas, européias e americanas, ou seja, muito além da Itália e das zonas de colonização itálicas em solo gaúcho. Assim, um símbolo distintivo de uma etnia, carrega, na verdade, aquilo que todos somos: seres culturalmente híbridos desde sempre, não havendo existência real de purismos, fechamentos e exclusividades.

Anota Zavaschi que “a palavra como hoje é usada chegou à península Itálica com os hunos. O termo caucásico pulint (que se pronuncia pulent) foi trazido para o Ocidente com as tropas de Átila, no século 4º. Com a descoberta [?] da América e a introdução do e de sua farinha na Europa, a polenta ganhou um ingrediente fundamental. Foi assim, feita de farinha de milho, com herança asiática e ingredientes pré-colombianos, que ela embarcou nos navios da imigração no fim do século 19.”

O colunista finaliza dizendo: “Antes da vinda dos italianos, já se consumia no Brasil um produto assemelhada, o angu, que provavelmente tenha origem na papa de milho, consumida na Ilha da Madeira.”

A mesma coisa com a cuca, por exemplo, bolo típico das regiões e grupos com colonização germânica aqui no Rio Grande do Sul. Muitas influência e história se consubstanciam naquela delícia, com é o caso das coberturas tão tropicais – abacaxi, banana e o coco; ou ameríndias – o amendoim e o chocolate... Nas proprias comunidades massivamente formadas por descendentes de imigrantes da região que hoje é a Alemanha, come-se a cuca acompanhado de uma beberagem do povo guarani, o chimarrão, feito da nativa Ilex Paraguariense, a erva-mate.

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