18 de jul. de 2009

Pegadas humanas na Lua - 40 anos atrás


Dia 20 de julho completa-se 40 anos da chegada de seres humanos à Lua – foi um dos rounds da “batalha espacial” vencido pelos EUA em 1969, após muitas vitórias dos russos, que inclui o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik (1957), e o primeiro homem no espaço, Yuri Gagarin* (1961).

O astronauta Neil Armstrong (foto ao lado) foi o primeiro a pisar em solo lunar. Ele teria dito algo emblemático: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande para a humanidade”. Gagarin, bem menos poético, teria cunhado aquela "A Terra é azul, mas não vi Deus por aqui"...

Até hoje há quem duvide do feito de Armstrong e todo o seu time - "a viagem mais fantástica na história da Humanidade" iniciada na manhã de 16 de julho de 1969. De qualquer modo, o mega-esforço científico-tecnológico (além de grana muito do grossa no que se considera "o maior projeto de engenharia da história: o projeto Apollo") implicado nas viagens espaciais acarretou uma série de aperfeiçoamentos na área da comunicação, informática, mecânica, logística, medicina, química etc. Mesmo no campo do pensamento humano - afora todas as implicações políticas, econômicas, sociais e culturais -, a saída de humanos do seu planeta e a chegada até a Lua significou algo tão radical como o a “descoberta” do continente americano por parte dos europeus no século XVI. A história dos mamíferos bípedes sofreu um deslocamento e uma nova fronteira - física e psicológica - foi atingida. Começou a ser possível sobreviver – por meio de artifícios vários – fora do pequeno planeta que gerou e possibilita nossa existência...


*Yuri Gagarin tornou-se uma celebridade da noite para o dia (ou vice-versa!). De tenente, subiu, ainda no espaço, para a patente de major da força aérea russa. Viajou o mundo todo como garoto-propaganda do regime soviético - de seu sucesso retubante até no campo da tecnologia aeroespacial. Mas Yuri, meu chará - e é justo por ele que tenho este nome -, parece não ter suportado muito bem o "peso da fama". Bebia em demasia e foi pego em escandaloso flagrante com outra mulher que não a sua esposa... Em um treinamente de rotina, seu avião espatifou-se, morrendo ele e o co-piloto. Até hoje, mistérios rondam esse acontecimento. Há hipóteses as mais mirabolantes, caso de uma "vingança" de ETs" pela "invasão do espaço" pelos comunas... Mas não deixa de ser plausível a hipótese de que "eliminaram" Gagarin. Uma celibridade patriótica fora do controle dos manda-chuvas é um perigo à "segurança nacional". E na URSS não foi nada incomum esse tipo de procedimento paranóico do totalitarismo, todos sendo tragados pela desconfiança permanente e mútua...

**Algumas citações foram retiradas do texto muito bom e sintético (mas com algumas falhas de digitação e já relativamente passado - é de 2001) "O homem na Lua", de Audo Loup, publicado na internet pelo Centro de Divulgação Científica e Cultural da Universidade de São Paulo, http://www.cdcc.usp.br/cda/sessao-astronomia/seculoxx/textos/o-homem-na-lua.htm

13 de jul. de 2009

O vinho da separação


Longe de mim o antissemtismo, essa ideologia perversa, como são todos os racismos, que tantas coisas ruins já geraram para a humanidade até hoje. Mas justamente dentro da religiosidade judaica – vinculada diretamente a uma etnia que sofreu bárbaras perseguições (o holocausto na 2ª Guerra Mundial é o exemplo maior) – existem elementos que me parecem muito absurdos, tal o nível de refinamento do sectarismo contido.

É o caso da alimentação. Também nada tenho contra restrições e tabus alimentares, que todo mundo tem, mesmo sem se dar conta (quem é que come carne de cachorro ou rato por aqui?). Mas dentro da “dietética kosher”, seguida por judeus ortodoxos, vai-se ao paroxismo do “purismo”, podendo engendrar desconfianças e “justificar” preconceitos – está ali claramente definida a “contaminação por gentis”, ou seja: Os não-judeus, de maneira alguma, podem tocar nos alimentos durante o seu manuseio e manufatura.

Estas reflexões me vieram ao ler a coluna sobre gastronomia de Bete Duarte, em Zero Hora, de 1º de maio de 2009. Ali, chamou-me a atenção uma nota sobre o lançamento de um “vinho kosher”, bebida que segue “as mais rígidas regras judaicas”, contando com “supervisão de rabino” e coordenação de um outro religioso, ligado à “BDK Brasil, órgão judaico de fiscalização de alimentos”.

A rigidez das “leis da cashrut” é excludente ao extremo: “O vinho kosher deve ser feito somente por judeus praticantes. Além disso, há a fiscalização durante todo o período até o engarrafamento para que ninguém que não seja judeu praticante toque o vinho”, destaca Duarte, sem que ela pareça perceber o ponto da discriminação radical embutida no processo, tratando mais como se isso fosse “apenas” uma qualidade gastronômica, similar às necessidades para se chegar ao fígado de ganso com o qual se faz o famoso patê foie gras – aliás, um requinte da coleção de crueldades bizarras contra animais não-humanos a serviço de paladares de animais humanos...

O objetivo da alimentação kosher não é necessariamente discriminar. Até onde entendo, quer que os devotos sigam preceitos bíblicos ou do Torá, vivendo santa e saudavelmente. Tudo bem. Mas acho que nesta busca, neste “zelo”, cai-se, inapelável, em discriminações, cisões, apartamentos, distinções e inviabilização de convívios.

Fazendo paralelos e parodiando o título do famoso romance de John Steinbeck – As Vinhas da Ira –, não vejo com bons olhos algo que pode vir a ser “O Vinho da Ira”.